quinta-feira, 26 de abril de 2012

25 DE ABRIL DE 2012 - 38 ANOS MAIS UM DIA DEPOIS PARA REFLEXÃO


Hoje ( 38 anos depois da festa revolucionária que sacudiu o país e trouxe a esperança ao seu Povo) é um dia tristonho, não por causa da chuva, que até continua a fazer bem, mas pelo estado em que os políticos portugueses, com a conivência de quem transformou a esperança em oportunismo fraudulento, puseram Portugal.
Não, não vamos para a rua destruir património, o que nos deixaria ainda mais pobres. Mas há que refletir, aprender com os erros - nossos e/ou dos outros -  que arrastaram o país para o abismo de que se abeira.
Ajudemos a construir uma mentalidade colectiva sólida e eficiente, para que cheguemos, finalmente, a sentir o chão que pisamos - o nosso chão. Mas não abandonemos a utopia que continuará a ser alimento para todos os que sonharam e sonham com um tempo novo onde a paz, a fraternidade e a justiça social se tornem paradigma.
Para os que acreditaram  num Portugal a sério, aqui deixo o meu poema, escrito já em 1993, mas cada vez mais actualíssimo.

Se entenderem que faz sentido reencaminhar, para os vossos contactos, esta mensagem, façam-no, pelo nosso país.

MINHA PÁTRIA MINHA

Minha Pátria!
Minha Pátria minha!
Que luta, para te libertares do cárcere medonho
Onde quase morreste esquecida!
Que sofrimento!
Que raiva!
Que dor!
E o algoz do tempo a falar de amor?!
E a violar-te na imunda cela
Onde te guardava
Com guardas à porta,
Grades na janela,
... E, tu, quase morta!

Minha Pátria!
Que triste provação!
Qual herança sofrida por quem te amou e te ama!
Morreram filhos teus
Sob a noite quase eterna que se abateu...
Houve fome de justiça
-- Esse alimento, esse pão 
Que te roubaram da mão -- 
E a mentira era a mesa
Onde comiam os lobos, sob a qual dormia o cão.

E enquanto o tempo corria
A esperança esperava
E definhava
E gemia,
Arrastando-se no tédio que alastrava!
Mas a fé escapou da infinita agonia
Para gritar
E gritou, gritou, gritou...
E os poetas ouviram
E tua alma, espezinhada, sonhou!
Sonhou ainda,
Sonhou.
E, um dia, Abril chegou.
Aleluia!
E o Sol raiou.

O Sol raiou para todos
E os poetas cantaram.
Teus mortos ressuscitaram,
Tu deste-me a Liberdade
E eu caí em seus braços.

Mas o tempo não parou.
Tu deixaste de sonhar
E o Abril passou.
Deixou-te esta nostalgia
Com que matas as saudades dos teus sonhos.

Tens de voltar a sonhar, Pátria minha!
Tens de voltar a sonhar,
Mesmo que tempos medonhos
venham para te matar.

Mas tu nunca morrerás!

Tens de voltar a sonhar com Abril!
Abril! Que saudade!
Tens de voltar a sonhar,
Mas com um Abril de verdade
Que venha para ficar!

Abril de 1993
in: Sérgio O. Sá, Versos na Guerra - Versos de Paz.


Um cordial abraço

Sérgio O. Sá



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