sexta-feira, 30 de novembro de 2012

ALPOIM CALVÃO HONRA E DEVER "O LIVRO"


ALPOIM CALVÃO  HONRA E DEVER Quase Uma Biografia
Lançamento do livro  no Salão Nobre do quartel de Santo Ovídio ( antigo Quartel General no Porto ) Praça da Républica
Quarta Feira,  28 de Novembro de 2012 ,18:20












A editar...

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

TERTÚLIA FIM DO IMPÉRIO NO PORTO


TERTÚLIA FIM DO IMPÉRIO NO PORTO, 1.º CICLO, programa previsto, 10ª versão, 2012.07.21/11.11, após realização da 1ª sessão:

    1. OBJECTIVO:
     Na reunião realizada, em 2012.05.21, na Messe de Oficiais da Batalha, foi avaliada a viabilidade de realizar no Porto um ciclo experimental com vista à implementação de uma terceira tertúlia, associada ao projecto Fim do Império, e semelhante às tertúlias de Oeiras e de Lisboa, escolhendo-se um dia e horário prioritários para a realização dos encontros mensais. Ficou previsto que o ciclo experimental seria iniciado em novembro, à 2ªquinta-feira, às 16h00 («254»), de modo a não colidir com as outras tertúlias e a permitir a participação, inicial, de voluntários de Lisboa.




     O Projecto Fim do Império é uma iniciativa da Liga dos Combatentes (LC), apoiada pela Comissão Portuguesa de História Militar (CPHM), pelo Município de Oeiras e pela Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP).    
    
     2. QUARTA VERSÃO DE CALENDARIZAÇÃO:
     * 1ª sessão, 2012.11.08: Mágoas do Império, do coronel de Inf ref David Martelo, com autor e cor. Inf.ª Ref.º Almor Alves Serra;
      * 2ª, 2012.12.13: Caleidoscópio, 4.º livro da coleção FI, de t. coronel Inf ref. Rui de Freitas Lopes, incluindo Angola e Moçambique, o autor nasceu em Cedofeita, em 1922; e Guerra em Angola, luzes e sombras, do coronel de Infantaria ref Mário da Ponte (presidente da assembleia geral da LC do Porto, nascido no Brasil, em 1920).
     * 3ª, 2013.01.09: Crónica dos meus últimos dias de Timor, 1.º livro da coleção Fim do Império, de coronel de Inf ref e dr. Rui Marcelino, natural do Porto;
     * 4ª, 2013.02.14: Os Resistentes de Nhala, de Manuel Mesquita (soldado na Guiné, 1969-71);
     * 5ª, 2013.03.14: Ultrajes na Guerra Colonial, de Leonel Olhero (furriel miliciano na Guiné, 1971-73);
     * 6ª, 2013.04.11: As Hienas Também Choram, do arquitecto João Carlos Sarabando (alferes miliciano em Moçambique);
     * 7ª, 2013.05.09: Estranha Noiva de Guerra, de Armor Pires Mota (alferes miliciano na Guiné, 1963-65), com autor e dr. Barroso da Fonte.

     3. METODOLOGIA:
     A metodologia baseia-se na já experimentada na tertúlia de Oeiras, desde janeiro de 2009, e na de Lisboa, desde outubro de 2011.
      Cada autor poderá fazer-se acompanhar de um convidado, na mesa, agradecendo indicação do nome, logo que possível. Os livros em debate poderão ser vendidos na altura.
      O encontro será dividido em duas partes de cerca de 45 minutos cada, como um desafio de futebol, intervindo na 1ª parte apenas a mesa, cerca de 20’ para cada um dos dois preletores; na 2ª parte, haverá inter-acção com a assistência. Após o encerramento, o autor assinará os livros que forem adquiridos, sendo habitual haver um preço de promoção e uma percentagem destinada à continuidade do projecto (20 a 30%). O autor providenciará junto da editora a existência de livros para venda.    

    
     4. EDIÇÔES NO PORTO:
     Em 2012.11.08, graças ao transporte assegurado pela CPHM, o coordenador do Projecto, na companhia do secretário-geral da CPHM, fez chegar à Messe da Batalha, no Porto, os seguintes quantitativos de exemplares de edições da colecção Fim do Império:
     * 1.º livro, de Rui Marcelino: 15 exemplares, estão à guarda do Núcleo do Porto da LC;
     * 2.º livro, de M. Barão da Cunha: 8 exemplares, foi oferecido 1 ao gerente da Messe, capitão Pedro Pinho, e vendidos 2 (por 15€ cada, tendo ficado 3€ para LC Porto e 12 para a continuidade da coleção), restam 5 na LC Porto;
     * 3.º livro, de Carlos Acabado: 8 ex, vendido 1 (por 12€, 3 para LC Porto e 9 para coleção), restam 7;
     * 4.º de Freitas Lopes: 15 ex (por ser um livro a ser debatido na próxima sessão);
     * 5.º de Daniel Gouveia: 8 ex, vendidos 4 (12€, 3 LCP e 9 FI), restam 4;
     * 6.º, de Dias Antunes; 8 ex;
     * 7.º, de Mendes de Matos, 8 ex;
     * 8.º, de Rui Velez, 8 ex, vendido 1 (12€, 3 LCP e 9 FI), restam 7;
     * 1.º caderno: 8 ex (preço de venda 3€, 1 LCP e 2 FI);
     * 2.º caderno: 10 ex, oferecidos 2 a autor e apresentador, restam 8.
     Portanto as edições estão com o Núcleo do Porto, para serem vendidas nas sessões ou nos intervalos destas. Os preços de venda são de 12€, excepto os nº 2 e 9, que são de 15€, ficando uma % para a instituição que vende (Núcleo da LC) e o restante para a continuidade do projecto, ou seja e arredondando, 3€ para quem vende e 9€ para o projecto FI, com excepção dos 2.º e 9.º livros em que são 3€ e 12€, respectivamente. Quanto aos cadernos serão vendidos a 3€, ficando 1€ para quem vende e 2€ para o projecto.
     Também conviria a DC da LC pedir à Livraria «Lello» as receitas que nos devem desde novembro de 2010, antes que «prescreva».

     5. COMO DECORREU A 1ª SESSÃO:
     Decorreu muito bem, com 47 presenças dentro da sala gentilmente cedida pela Messe de Oficiais da Batalha.
     A mesa coordenadora foi presidida pelo t. general Luís Medeiros, comandante do Exército, tendo à sua direita o presidente da assembleia geral do Núcleo do Porto da LC, coronel Mário da Ponte, o autor coronel de Infantaria David Martelo e o apresentador cor. Inf. Almor Alves Serra; e à sua esquerda o cor Cav José Banazol, secretário geral da CPHM, o coronel Inf comando José Belchior, presidente da Direção do Núcleo do Porto da LC, e o cor Cav e dr. Barão da Cunha, coordenador do Projecto.



     O coordenador iniciou a sessão apresentando sumariamente o Projeto, seguindo-se o apresentador e o autor, após o que o coordenador moderou o debate, tendo intervindo, nomeadamente, general Pires Veloso, coronéis Teixeira de Moura, Gonçalves, Alves Serra e David Martelo, dra Alexandra Anjos e ex-furriel miliciano Fernando Aguiar.
     O encerramento foi feito por representantes da CPHM e da LC e pelo presidente da mesa, general Medeiros.

     Em 2012.06.25/11.11, Manuel Barão da Cunha (mbaraocunha@gmail.com), coordenador do projeto Fim do Império.

sábado, 16 de junho de 2012

BATALHÃO DE CAVALARIA 2922 - "BCAV 2922" ESTREMOZ 40 ANOS APÓS O REGRESSO

REGIMENTO DE CAVALARIA Nº 3 ESTREMOZ 16 DE JUNHO DE 2012
LARGO DOS DRAGÕES DE OLIVENÇA - RUA SERPA PINTO - E MONUMENTO AOS COMBATENTES

LARGO DOS DRAGÕES DE OLIVENÇA - A CONCENTRAÇÃO
DO INTERIOR DO QUARTEL E NO LARGO DOS DRAGÕES DE OLIVENÇA VAI AUMENTANDO A AFLUÊNCIA DE COMBATENTES AMIGOS E FAMILIARES DO BCAV 2922
11:06 - A MEMÓRIA AOS CAÍDOS EM COMBATE NA PARADA DOS DRAGÕES DE OLIVENÇA CEDO DE APINHOU DE CAMARADAS FAMILIARES E AMIGOS PARA UM RECONHECIMENTO DOS NOMES DOS HERÓIS "GRAVADOS NA PEDRA"
11: 26 - SALA DE HONRA DO REGIMENTO DE CAVALARIA 3

11:29 - RECEPÇÃO DE SUA EXA SNR CORONEL DE CAVALARIA PAULO GEADA COMANDANTE DO REGIMENTO DE CAVALARIA 3 AOS  COMANDANTES DAS CCS  CAPITÃO MONIZ BARRETO, DA 2948 - CAPITÃO CASTRO NEVES E DO BCAV 2922 O MAJOR CALISTO HOJE TODOS GRADUADOS EM CORONÉIS RES.
11:39 - UMA "GARBOSA E BELÍSSIMA" GUARDA DE HONRA PARA OS HERÓIS DO BCAV 2922
11:39:45 - BOUQUET DE FLORES PARA HONRAR OS QUE «CAÍRAM EM COMBATE

11:39.59 - DEPOSIÇÃO DAS FLORES NA BASE DA MEMÓRIA
11: 40 :11 - MOMENTO DE GRANDE ELEVAÇÃO PARA TODOS OS PRESENTES
11:40: 12 - COR CALISTO 2 CMDT (MAJOR) DO BCAV 2922 GUINÉ 1970 - 1972. 
SNR CORONEL DE CAVALARIA PAULO GEADA COMANDANTE DO REGIMENTO DE CAVALARIA 3 ( Fazendo continência ) E OS COMANDANTES DAS CCS: CAPITÃO MONIZ BARRETO, E DA 2948: CAPITÃO CASTRO NEVES EM SENTIDO EM APRESENTAR ARMAS. ( AMBOS CORONÉIS RES).
EUCARISTIA NA CAPELA PELOS CAÍDOS EM COMBATE E POR TODOS OS QUE NO ENTANTO APÓS FELIZ REGRESSO FALECERAM.
CLAUSTROS DO CONVENTO FRANCISCANO DO SÉCULO XIII
QUARTEL DE CAVALARIA 3
MUSEU DA UNIDADE - GUIÕES DAS  BATALHÕES E COMPANHIAS QUE PRESTARAM COMISSÃO NOS MAIS DIVERSOS TEATROS DE GUERRA

Continuamos a editar

quinta-feira, 26 de abril de 2012

25 DE ABRIL DE 2012 - 38 ANOS MAIS UM DIA DEPOIS PARA REFLEXÃO


Hoje ( 38 anos depois da festa revolucionária que sacudiu o país e trouxe a esperança ao seu Povo) é um dia tristonho, não por causa da chuva, que até continua a fazer bem, mas pelo estado em que os políticos portugueses, com a conivência de quem transformou a esperança em oportunismo fraudulento, puseram Portugal.
Não, não vamos para a rua destruir património, o que nos deixaria ainda mais pobres. Mas há que refletir, aprender com os erros - nossos e/ou dos outros -  que arrastaram o país para o abismo de que se abeira.
Ajudemos a construir uma mentalidade colectiva sólida e eficiente, para que cheguemos, finalmente, a sentir o chão que pisamos - o nosso chão. Mas não abandonemos a utopia que continuará a ser alimento para todos os que sonharam e sonham com um tempo novo onde a paz, a fraternidade e a justiça social se tornem paradigma.
Para os que acreditaram  num Portugal a sério, aqui deixo o meu poema, escrito já em 1993, mas cada vez mais actualíssimo.

Se entenderem que faz sentido reencaminhar, para os vossos contactos, esta mensagem, façam-no, pelo nosso país.

MINHA PÁTRIA MINHA

Minha Pátria!
Minha Pátria minha!
Que luta, para te libertares do cárcere medonho
Onde quase morreste esquecida!
Que sofrimento!
Que raiva!
Que dor!
E o algoz do tempo a falar de amor?!
E a violar-te na imunda cela
Onde te guardava
Com guardas à porta,
Grades na janela,
... E, tu, quase morta!

Minha Pátria!
Que triste provação!
Qual herança sofrida por quem te amou e te ama!
Morreram filhos teus
Sob a noite quase eterna que se abateu...
Houve fome de justiça
-- Esse alimento, esse pão 
Que te roubaram da mão -- 
E a mentira era a mesa
Onde comiam os lobos, sob a qual dormia o cão.

E enquanto o tempo corria
A esperança esperava
E definhava
E gemia,
Arrastando-se no tédio que alastrava!
Mas a fé escapou da infinita agonia
Para gritar
E gritou, gritou, gritou...
E os poetas ouviram
E tua alma, espezinhada, sonhou!
Sonhou ainda,
Sonhou.
E, um dia, Abril chegou.
Aleluia!
E o Sol raiou.

O Sol raiou para todos
E os poetas cantaram.
Teus mortos ressuscitaram,
Tu deste-me a Liberdade
E eu caí em seus braços.

Mas o tempo não parou.
Tu deixaste de sonhar
E o Abril passou.
Deixou-te esta nostalgia
Com que matas as saudades dos teus sonhos.

Tens de voltar a sonhar, Pátria minha!
Tens de voltar a sonhar,
Mesmo que tempos medonhos
venham para te matar.

Mas tu nunca morrerás!

Tens de voltar a sonhar com Abril!
Abril! Que saudade!
Tens de voltar a sonhar,
Mas com um Abril de verdade
Que venha para ficar!

Abril de 1993
in: Sérgio O. Sá, Versos na Guerra - Versos de Paz.


Um cordial abraço

Sérgio O. Sá



quinta-feira, 15 de março de 2012

GUERRA DE ANGOLA de HÉLIO FRAGA "O LIVRO"

GUERRA EM ANGOLA de HÉLIO ESTEVES FELGAS
Na nossa selecção de leituras, e porque muitos de nós na altura emotivamente desliga-mo nos das realidades de nossas missões. Até porque o 25 de Abril apagou o brilho, amaldiçoando as nossas abnegadas e generosas missões de soberania ( assim lhe chamavam as nossas chefias). Hoje, que são passados 51 anos do início da Guerra em Angola, e 50 anos da edição deste novel livro (1962)  que clara, directa, fluentemente e com imagens "vivas" relata o antes e depois de 15 de Março de 1961 queremos deixar aqui, para que todos os nossos amigos e visitantes tenham conhecimento dos genuínos arautos da nossa saga na Guerra Colonial ( também chamada do Ultramar ) e que consideramos "OS LIVROS DAS NOSSAS GUERRAS"

ÍNDICE
Pagina - 007 - INTRODUÇÃO
Pagina - 013 - ANGOLA NA ÁFRICA DE 1961
Pagina - 025 - A ECLOSÃO DO MOVIMENTO
Pagina - 039 - ANTECEDENTES
Pagina - 061 - OS MASSACRES DO CÓLUA, DO ÚCUA E DO LUCUNGA
Pagina - 069 - PRIMEIRAS PROVIDENCIAS ADOPTADAS
Pagina - 079 - O RECRUDESCIMENTO DA ACTIVIDADE TERRORISTA
Pagina - 089 - A VISITA A ANGOLA DO MINISTRO ADRIANO MOREIRA
Pagina - 095 - O AUGE DO TERRORISMO
Pagina - 109 - O INÍCIO DA REOCUPAÇÃO MILITAR
Pagina - 121 - DIÁRIO DE DESTRUIÇÕES
Pagina - 135 - REFLEXÕES INTERNACIONAIS DOS ACONTECIMENTOS
Pagina - 155 - NANBUANGONGO
Pagina - 161 - O DECLÍNIO DO TERRORISMO
Pagina - 171 - A INTENSIFICAÇÃO DA ACTIVIDADE MILITAR
Pagina - 187 - A REOCUPAÇÃO TOTAL DAS POVOAÇÕES E POSTOS
Pagina - 210 - O FIM DAS OPERAÇÕES MILITARES
Pagina - 213 - BALANÇO DE PESADELO
Pagina - 223 - PALAVRAS FINAIS
3ª Edição
Livraria Clássica Editora
A. M. Teixeira & Filhos L.da
Rua dos Restauradores, 17
Esta obra acabou de se imprimir em 23 de Janeiro de 1962, nas oficinas da Gráfica Santelmo - Rua São Bernardo 84 - Lisboa

GUERRA EM ANGOLA é o primeiro relato completo dos acontecimentos que ensanguentaram o Norte da Província de Angola
O autor que viveu mais de quatro anos na região assolada pelo terrorismo, - pois foi Governador de Distrito do Congo até Abril de 1960 - Começa por enquadrar a Angola de 1960 - pacifica, progressiva e isenta de segregação racial - na conturbada África de hoje. Faz depois uma descrição dos massacres perpetrados no tristemente famoso 15 de Março de 1961.
Os antecedentes de acontecimentos tão graves são em seguida apontados com autoridade de quem conhece bem Angola e de quem tem gasto boa parte da sua vida estudando a evolução política da África actual. Nele se foca a clara e nítida intervenção estrangeira.
O alastramento do terrorismo e as facetas que ele tomou são os assuntos tratados com um pormenor quase diário. O mesmo se dirá das operações militares-que conduziram à reocupação de todos os postos e povoações abandonadas e da actividade dos Voluntários Civis - a cargo de quem ficou a recuperação das Fazendas Agrícolas, em grande parte depredadas e destruídas pelo inimigo.
Realce especial é dado em seguida aos reflexos internacionais do terrorismo de Angola.
A apresentação de um balanço realístico dos acontecimentos preenche a última parte deste livro onde, a cada passo, de incluem considerações e esclarecimentos que reflectem a idoneidade do Autor na matéria e realçam, por um lado, a crueldade e o primitivismo bárbaro dos terroristas e, por outro, a firmesa heróica dos civis, a eficiência das Forças Armadas e a lealdade e o patriotismo da quase totalidade das povoações nativas.
(Texto acima impresso na contra capa do livro com a assinatura: Oficina Gráficos, Lda.)

Infografia  inserida no livro com as regiões e localidades atacadas nos dias de hoje e e de amanhá. Há 51 anos 
                           
        Imagem do livro.Trabalhadores de uma fazenda barbaramente massacrados pelos terroristas 

sábado, 4 de fevereiro de 2012

LUANDA - ANGOLA - NOITE DE SÁBADO DE 04 DE FEVEREIRO DE 1961

....
- Vocês deixa o branco chegar perto e ataca como eu ensinei - segredou o « senhor Fernando», empurrando para a sua frente dois dos companheiros, enquanto ele próprio recuava para detrás dum «jota» da composição ferroviária.
Donde é a vinda, a estas lindas horas? - perguntou o cabo em tom amigável, aproximando -se confiadamente, de mãos nos bolsos.
Mas reparando de repente, no cabecilha e na sua pistola-metralhadora, acrescentou, siderado de espanto:
-Ele que raio de história é essa?!
E não teve tempo de dizer mais nada.Um dos bandidos arrancara a catana detrás das costas e atingira -o com uma cutilada na cabeça. E logo outra catanada, vibrada num braço, que lhe fez cair inerte a mão que buscava, no coldre, a coronha da pistola.
Tentou recuar, meio cego pelo sangue que lhe escorria da cabeça e rilhando os dentes a dominar a dor.
- Corre a avisar o Quartel General - Gritou para a sentinela que vinha em seu auxilio - Ai!...
O gemido estertorou-se-lhe na garganta que uma catanada certeira cortara profundamente.
-Às armas - bradou a sentinela. E já carregava sobre os facínoras, de baioneta em riste, quando sentiu que o seu camarada branco, tombado no chão, erguia para ele uma mão convulsa, num esforço derradeiro, a lembrar -lhe a ordem dada. E reparou também que o negro da pistola-metralhadora avançava para ele, convidando:
- Entrega a tua arma e vem combater do nosso lado. Não deves ficar do lado do branco. Tu é preto...
- E tu é burro!- ripostou-lhe com desprezo- Eu não entrego nada. Eu sou soldado português!
Fez novamente menção de carregar à baioneta. Mas repentinamente recuou, em dois saltos bruscos, e largou numa rapidíssima corrida para o jeep do Comandante, bradando outra vez, a toda a força dos pulmões.
- Às armas!...
Passada a momentânea desorientação causada pela imprevista atitude do soldado, os facínoras correram sobre ele. Mas já o jeep arrancava e rompia a grande velocidade, por entre a malandragem que abria caminho, espavorida. Com uma das mãos no volante e a outra a segurar  a velha «Mauser». a sentinela negra ainda viu, no turbilhão daqueles terríveis segundos, o rodopio das catanas de ambos os lados do carro; e sentiu uma dor aguda num ombro; e aguentou o embate de algumas pedradas nas costas; e percebeu vagamente que por cima da porta de armas, na frontaria da Fortaleza, se abria uma janela...
- «É o nosso Comandante que já acordou...»- pensou, contente de verificar que estava dado o alarme. E carregou mais no acelerador, distanciando -se rapidamente dos seus perseguidores.
Atravessou o parque dos minérios, quando ouviu. lá para trás, o estalar secos dos primeiros tiros: era a pequena  guarnição da fortaleza que se batia, resistindo galhardamente ao ataque:
Recordou, por momentos «o nosso cabo», aquele jovial camarada branco, retalhado e sangrento, escabujando no chão, sob as catanas dos assassinos. E acelerou ao máximo, com as mãos crispadas no volante e os dentes cerrados numa raivosa ânsia de chegar depressa.
Ante os seus olhos, desfilavam vertiginosamente as luzes da Avenida Marginal, desdobradas num rosário de missangas sobre o espelho sereno da baía ...... e num ápice, chegou à rua do Esquadrão e travando bruscamente à entrada do Quartel da Polícia, gritando para os guardas de piquete:
- Acudam à Casa da Reclusão! Está a  ser atacada pelos bandidos!
- Como é isso? - perguntou um dos guardas.
Mas já o «jeep» arrancava , em direcção à avenida Álvaro Ferreira, rasgando o silêncio da noite com o roncar do motor.
- Que há?- acudiu a perguntar um soldado cuanhama, quando o carro estacou junto do Quartel General.
- Há um ataque de negros à casa da Reclusão. Avisa o nosso oficial de serviço. Depressa....

Assim descreve Rui Ventura  no seu livro "SANGUE NO CAPIM" do qual transcrevemos este excerto que julgamos brilhante  para fazermos um juízo do início das actividades indepentistas que nos vão levar à luta armada em Angola, até 1974.


O ataque iniciou-se na madrugada de 4 de Fevereiro. O balanço oficial de vítimas foi de cerca de 40 assaltantes e de sete polícias, já que as forças portuguesas, recuperadas da surpresa inicial, neutralizaram com facilidade o ataque realizado com «catanas e varapaus.
Nos dias seguintes, e em especial no dia do funeral dos polícias mortos, os colonos brancos e as forças militarizadas desencadearam violenta repressão nos bairros negros de Luanda, que durou cerca de um mês.
Curioso foi que MPLA, cuja direcção estava exilada em Conacri, reivindicou a acção enquanto a UPA se remeteu ao silêncio. O Conselho de Segurança da ONU foi convocado para apreciar os acontecimentos de 4 de Fevereiro.
A UPA, assessorada por conselheiros americanos, pretendeu aproveitar a oportunidade para conseguir as simpatias mundiais para a sua causa, o que a levou a preparar uma sublevação geral de grande parte região norte de Angola, incluindo São Salvador, Uíje, Dembos, Luanda e Cuanza Norte.
Josep Sanchez Cervelló
in "Guerra Colonial" - Aniceto Afonso e Matos Gomes

SANGUE NO CAPIM ( CENAS DE GUERRA EM ANGOLA ), é da autoria de Rui Ventura, natural de Chaves, e residente na altura, em Angola. Na imagem acima a capa da 4ª edição.
Rui Ventura editou um vintena de livros, todos eles com conteúdo histórico e de elevado interesse.  
SANGUE NO CAPIM, é um deles... leituras que não podemos ignorar